Zuzu Angel desfila em 3D com looks de Ronaldo Fraga no SPFW

 

O estilista Ronaldo Fraga encerrou o SPFW neste domingo (8), revivendo a também estilista Zuzu Angel, que faleceu em 1976. Ela, que é um ícone da moda, foi desenhada e animada em 3D, sendo a modelo que desfilou as peças de Ronaldo.

O conceito do desfile Zuzu Vive! e os croquis foram desenvolvidos por Ronaldo. A missão de transformar as criações do estilista em artes 3D animadas para a passarela ficaram sob a responsabilidade do Studio Asteri - especializado em desenvolver modelos digitais e editoriais de moda.

Look Exclusivo e que não foi mostrado no desfile



Além do desafio de reviver Zuzu Angel, que é a homenageada do desfile, os designers também tiveram que vesti-la com as peças de Ronaldo. “Recebemos os croquis dele e reproduzimos oito looks em 3D. Alguns foram bem complexos, afinal, tivemos que desenhar a delicada renda renascença do cariri paraibano no computador. Com o cuidado, é claro, de fazer com que a textura fosse o mais real possível, afinal, estamos mostrando lançamentos relevantes de moda para o público”, conta o designer 3D e animador Gabriel Kemparski.

Esta revolução no mercado da moda já estava acontecendo antes da pandemia: o Studio Asteri lançou há dois anos a primeira modelo digital das Américas, chamada Sofia Scatolon. Com este projeto, apresentaram-se para Ronaldo, que posteriormente os convidou para coproduzir o desfile do SPFW. “Ficamos muito honrados com o convite e confiança dele em nos permitir reviver a Zuzu com os croquis. Estamos muito felizes com a oportunidade única de fazer parte deste desfile tão impactante”, afirma o designer.





As passarelas virtuais tornam possível, por exemplo, a exibição de roupas que ainda não foram finalizadas e desenvolvidas na “vida real” - ou seja, só existem na imaginação do estilista, nos croquis e telas digitais. “Este formato nos permite trabalhar com editoriais sustentáveis, pois podemos inverter o “modus operandi” da moda, apresentando as roupas de maneira virtual antes de confeccioná-las. O estilista pode criar e executar conforme a demanda, porque a vitrine que criamos virtualmente aproxima o público das peças”, explica a Diretora de Criação e Estratégias Ana Naves.





Ronaldo Fraga sobre o conceito e o desfile: 

“Como costureira, Zuzu usou o ofício para sustentar a família e educar os três filhos. Aliás, ela preferia ser chamada de costureira a estilista. Ela denunciou a tortura nos porões do regime militar por meio de um desfile de moda e desafiou o mainstream, rompendo com os padrões europeus ao usar materiais brasileiros em suas criações. Zuzu Angel imprimiu um jeito brasileiro de fazer moda!

Hoje, o desafio do designer foi entender que esta arte está naquilo que se come, que se veste, se mora e se senta. Daqui a vinte anos, o desfile de hoje será lembrado como registro dessa época, assim como a coleção Quem matou Zuzu Angel, que apresentei em 2001 também no SPFW e marcou a minha carreira”. 

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