Alimentos plant based vieram para ficar, mas requerem atenção da indústria, do governo e dos consumidores

 Mercado global está estimado entre US$ 100 bilhões e US$ 370 bilhões até 2035

Muito se comenta atualmente sobre os alimentos plant based, mas pouca gente realmente sabe do que se trata e, menos ainda, dos mitos e verdades sobre esses alimentos processados à base de plantas. A regulamentação dos alimentos plant based para produtos análogos a vegetais deverá sair até o próximo ano. No momento, esse tema tramita na agenda regulatória da Agência Nacional de vigilância Sanitária (Anvisa) e é compartilhado também com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Em julho do ano passado, o Mapa submeteu um texto à consulta pública (Portaria SDA nº 831/2023), apresentando uma série de inovações normativas. Entre elas, a denominação “análogo vegetal de”, seguido da denominação de venda do produto de origem animal. Caso aprovado, um exemplo do uso correto seria “análogo vegetal de leite” ou “análogo vegetal de hambúrguer”. Também deve ficar claro ao consumidor que o produto não substitui o alimento de origem animal em termos nutricionais ou funcionais.

A rotulagem desses produtos, de acordo com o texto da consulta pública prévia, não deve utilizar termos ou imagens depreciativos ao produto de origem animal ou ao sistema de produção animal. Além disso, também não deve apresentar vocábulos, sinais, denominações, símbolos, emblemas, ilustrações ou outras representações gráficas que possam tornar a informação enganosa ou induzir consumidores ao erro.

De acordo com Carla Negrão, gerente de Alimentos, Bebidas e Suplementos Alimentares da consultoria regulatória Visanco, ainda não foi disponibilizado o resultado dessa consulta pública, mas ela destaca a importância de normatizar algo que é totalmente novo para o consumidor. “Esse setor tem tudo para crescer no Brasil em curto prazo, acompanhando a tendência mundial. A indústria alimentícia trabalha fortemente no desenvolvimento de produtos vegetais que ofereçam alternativas aos alimentos de origem animal”, destaca. Segundo o The Good Food Institute (GFI), esse mercado global está estimado entre US$ 100 bilhões e US$ 370 bilhões até 2035.

Ao consumidor vale o alerta de que, no processo industrial, os alimentos plant based podem se valer de ingredientes artificiais, aditivos e conservantes químicos para dar ao vegetal a aparência de proteína animal. Em sentido contrário caminha a Oterra, empresa com atuação global em corantes naturais para alimentos e bebidas. “Um hambúrguer plant based pode, perfeitamente, ter a cor de um produto de origem animal com utilização de corante natural. Alguns blends permitem, inclusive, que o produto mude o tom de vermelho para marrom durante o cozimento”, afirma Stella Munhoz, gerente de Marketing da Oterra para a América Latina. Recentemente, a empresa lançou novos blends nas cores vermelha e rosa, pertencentes às linhas ColorFruit® e FruitMax®, direcionados para o preparo de uma variedade de produtos plant based, incluindo hambúrgueres, salsichas, almôndegas, filés de salmão ou atum. Os pigmentos naturais são oriundos de alimentos como beterraba, páprica e cenoura preta.

“Quem busca o consumo de produtos plant based visa, como um dos principais benefícios de uma alimentação à base de vegetais, impactos positivos na saúde. Nesse sentido, a apresentação de alternativas com maior volume de ingredientes naturais na composição vai ao encontro dos anseios de consumidores cada vez mais conscientes”, conclui Stella Munhoz.

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